Como criar aves á mão?

Alojamento
Um dos grandes problemas de sobrevivência das crias quando afastadas dos pais biológicos é manter a temperatura adequada, juntamente com a humidade.

Se já obteve criações de agapornis, já viu com certeza que os ninhos que eles constroem ficam quentes e húmidos. Existem maternidades ou incubadoras preparadas especialmente para alojar os recém-nascidos.

Um método mais caseiro para alojar os recém-nascidos é arranjar uma caixa forrada com algodão, pedaços de lã ou serradura. Depois papel absorvente por cima das aves (deve sempre criar mais do que uma de cada vez para se aquecer mutuamente) para ficarem alojadas.

Uma luz de infra-vermelhos por cima para fazer calor (controle a distância através de um termómetro – mais perto mais calor, mais longe menos calor), essa temperatura deve rondar os 30ºC (cuidado para não ficarem desidratados), deve tapar uma parte da caixa (fazer tecto) para ficar mais escuro, de modo a que as aves não tenham luz directa (infra-vermelhos), mas não deixando perder temperatura.


Alimentação
Para que haja mais probabilidade de sobrevivência das crias, não devemos exagerar na quantidade de alimento de cada refeição, ou seja, devemos dar pequenas quantidades, várias vezes por dia. Com a experiência vai aperfeiçoando as quantidades certas.

Na primeira semana (entre 10-18 dias de vida) a papa deve ser preparada mais líquida e a uma temperatura a rondar os 37,5ºC a 38,5ºC, se tiver que alimentar várias crias em simultâneo, deve ter cuidado para a papa permanecer sempre à mesma temperatura (método caseiro “banho-maria”). Na 4ª semana já pode ir engrossando a papa, mas sem exagerar.

Eu utilizo para alimentar as minhas aves a papa para as crias da Nutribird, existem outras marcas com excelentes qualidades na composição da mesma.

Deve repetir a refeição sempre que o papo da ave se apresentar vazio “murcho”. Ter atenção ao manuseamento da ave durante a refeição. Limpar os restos de comida com um cotonete em água morna para não secar e obstruir nenhum canal (cuidado para não deixar fios de algodão na ave).

A papa preparada que sobrar deve ser deitada fora. Com o tempo irá conseguir preparar somente a papa necessária para alimentar as crias. A papa deve ser dada em seringa ou colher dobrada, sendo o primeiro método, o mais fácil e o mais eficaz.

A seringa de preferência ser jogada fora após cada utilização (seringas descartáveis) ou após cada utilização lava-la bem e coloca-la alguns segundos em água a ferver.

Alguns criadores por falta de tempo, só alimentam as crias 5x/dia no máximo na 3ª semana de vida e elas sobrevivem na mesma. Eu alimento no mínimo 6x/dia.

A 3ª semana de vida (1ª semana alimentada por nós) é fundamental para a sua sobrevivência, logo não arrisco muito.

Exemplo da alimentação manual:
3ª Semana- alimentação- 6x ou 7x/dia

4ª Semana- alimentação- 5x ou 6x/dia

5ª Semana- alimentação- 4x/dia colocando comida e água à disposição

6ª Semana- alimentação- 3x/dia colocando comida e água à disposição

7ª Semana- alimentação- 2x/dia colocando comida e água à disposição

A ave efectuará o desmame sem problemas.



Higiene
Para evitar o risco de contaminação, é muito importante a limpeza do material que foi utilizado na preparação e fornecimento da papa, como tigelas, sondas e seringas.


Pontos importantes na domesticação da ave

1- Durante as 6 semanas de vida só as agarre para alimentá-las, deixe as aves descansarem;

2- Cuidado com as diferenças de temperatura quando for alimentar a ave;

3- A ave deve ser manuseada sempre com muito cuidado e carinho;

4- Não esteja sempre com ela na mão, é preferível tirá-la da gaiola várias vezes por dia, mas pouco tempo de cada vez;

5- É necessário muita dedicação (tempo livre e paciência).


Resumo
Não é nada fácil criar à mão, porque é preciso muita dedicação. Só aconselho a quem tem muito tempo livre.

E por vezes acontece o que menos desejamos a morte de uma cria.Esta parte é a mais dolorosa e que nos faz pensar, se efectivamente, deveríamos ou não, deixar os pais biológicos criarem as suas crias.

Mas deparo-me por vezes, com crias mortas no ninho dos pais. Ao criar á mão estou a dar uma probabilidade maior de sobrevivência das crias. 

Os pais com menos crias no ninho, criam com uma taxa superior a 95%, e eu, ao criar algumas crias estou a diminuir a taxa de mortalidade das mesmas.